Sintonia

Na busca da felicidade somente um encontro não basta, quando o objetivo é a conquista: um alvo determinado, aquele homem, aquela mulher, nestas horas onde a fantasia e a realidade se misturam e se confundem, pedindo mais encontros para se alcançar a sintonia.
A ligação amorosa se inicia na descoberta, na revelação, em cada milímetro do outro, por perguntas e respostas, toques, confidências e a dedicação.
O amor quando é intenso dá a sensação de porto seguro, de chão firme. Parece que moramos dentro do outro.
Os encontros às vezes acontecem da forma como previmos, planejamos ou sonhamos.
Esse sentimento tira os nossos pés do chão e nos coloca nas nuvens...
Quando nos apaixonamos, sentimos que estamos bem próximos do paraíso, junto com o amado estamos dentro, longe do ser amado estamos fora do paraíso.
Nesta fase, nada se compara aos momentos a dois, de ter e dar toda atenção possível para com o outro. Estamos nos referindo as paixões clássicas, que colocam a vida de pernas para o ar e faz qualquer um perder o rumo.
Com o passar das primeiras semanas e meses, o estado de graça chamado paixão vai se transformando, os sentimentos vão assumindo outros contornos e novas possibilidades se abrem. É parecido com a história da cigarra, que fica por um bom tempo escondida nas raízes das árvores em forma de ninfa móvel, vai se transformando, sai do solo, deixa uma casca velha (exúvia) para trás, assumindo assim outra couraça, saindo por aí a voar e a cantar.
Com o amor é parecido, para se pôr a cantar é necessário despir-se de preconceitos que não servem mais, é preciso evoluir.
Os enamorados constroem a sua história em conjunto, é como se cada um se redescobrisse ao se revelar para o outro. E então quando os pés voltarem para o chão, a importância deste vínculo dependerá da qualidade e da quantidade de trocas que os dois puderam estabelecer.
Muitas vezes um caminho entre dois pontos não é uma reta, mas um sobe e desce. Cada um vai se descobrindo e conhecendo quem é o outro companheiro desta estrada, ao qual projetamos todos as expectativas amorosas.
Porém só um encontro não basta, é preciso outro + outro, + outro, para que seja possível ultrapassar "as aparências", o ser humano traz dentro de si segredos e mistérios que dificilmente se revelarão a primeira vista, não sendo intencional e calculado, mas sim por fazer parte da esfera emocional.
Quando estamos apaixonados tiramos de letra os problemas e fechamos os olhos para os sinais de perigo; uma paixão nos traz momentos de felicidade, mas não garante prazo de validade, nem certezas, é preciso ter cuidado para não cair em armadilhas.
É preciso também se preparar para os desequilíbrios temporários, exemplo: TPM (Tensão Pré Menstrual) e SHI (Síndrome do Homem Irritável) e outros.
Conhecemos os sentimentos contraditórios que chegam quando desejamos alguém, mais do que quando somos desejados. A necessidade de compreensão é fundamental para firmar um relacionamento afetivo, porque quando entendemos e aceitamos o que se passa com o outro fica mais simples o crescimento e o amadurecimento da relação, mas não vale acumular tristezas ou mágoas, armazenar raivas. Se isso começar a acontecer o diálogo é de extrema importância para não ferir a auto-estima de nenhum dos dois, ser superficial e levar o relacionamento de maneira enganosa é nocivo tanto para o vilão, quanto para a vítima.
Quando formamos um vínculo afetivo, a energia flui, às vezes caminhamos de mãos dadas em sintonia, às vezes distanciados, os desvios acontecem e em algum desvio podemos nos perder, por isso é preciso ser inteiro, com as qualidades, defeitos e limitações para estar em sintonia com o outro, senão haverá um jogo de expectativas e mal entendidos que se formarão no relacionamento.
Desejamos ardentemente que o nosso par se identifique com nossa imagem real, como diz Guy Corneau: "O mundo amoroso tem os seus filtros e sortilégios, seus mistérios e neblinas anestesiantes. Aliás, com seus ventos e marés, trovões e relâmpagos, suas secas e inundações, a natureza mostra tal universo muito melhor que a mais bela descrição psicológica".
André Carvalho e Roseli Sanches Carvalho.

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