Complexo de Cinderela

O “Complexo de Cinderela”, que atinge algumas mulheres, “é um sistema de desejos reprimidos, memórias e atitudes distorcidas que se iniciaram na infância, na crença da menina que sempre haverá uma outra pessoa mais forte para sustentá-la e protegê-la. Esta crença é sempre alimentada e com o tempo se solidifica, seguindo a mulher em sua vida adulta e resultando em todas as espécies de medos interiores e descontentamentos, e o mais destrutivo é que essa crença mantém vivo na mulher um sentimento de inferioridade”.
Uma pessoa querida, nossa comadre, estava falando sobre a possibilidade de gerar filhas mulheres, pois o espermatozóide feminino tem um tempo de vida maior que o masculino e quanto mais distante do dia mais fértil (dentro do período fértil) maior a possibilidade de nascer uma menina.
Aí ficamos imaginando a trajetória da vida feminina. Ela vem ao mundo, ganha bonecas, começa desde o primeiro brinquedo a aprender sobre afetos, lar, família. A menina é preparada para dar e receber carinho e atenção. Pesquisas identificam que o choro da menina é mais prontamente atendido do que o choro masculino (as mães tem a falsa impressão que os bebês meninos são mais fortes que as meninas), desde cedo começa uma espécie de superproteção a mulher, cerceando seu desenvolvimento no quesito de “tomar conta de si”. As meninas começam a falar mais cedo. São mais expansivas e tem mais habilidades cognitivas, facilitando a comunicação e a sensibilidade.
Os psiquiatras verificaram que quanto mais confinada e dependente for a mãe, maior será a ansiedade no comportamento e nas atitudes, transmitindo a criança a sua insegurança.
Antigamente o complexo de Cinderela se instalava nas meninas de 17 a 20 anos, onde o intuito de se salvarem direcionava-as para o casamento, muitas vezes impossibilitando de buscarem uma carreira profissional.
Hoje a mulher se forma, faz pós-graduação, mestrado, trabalha e experimenta o gosto do mundo lá fora, mas sente a falta de um herói que venha protegê-la, transportando-a em um cavalo branco com destino ao seu castelo e conseqüentemente para uma nova vida: alegre, segura, criativa, potente e confiante. Uma vida onde a palavra “problema” não existe.
Muitas daquelas que atingem seus anseios profissionais, na hora que vai procurar um marido, busca o mesmo estilo protetor, que tome conta dela, que tenha uma melhor situação de vida econômica. As mulheres com muito custo conseguiram a sua independência, agora que estão livres continuam mentalmente dominadas pela educação aprendida no lar, que o homem de sua vida é aquele príncipe que sempre lhe falaram quando menina (contos de fadas, novelas, filmes etc...)
“O complexo de Cinderela é o reverso da moeda da problemática identificada no movimento feminista. Ela demonstra que as barreiras à realização plena e a autonomia da mulher são erigidas não só pelo homem, mas por ela mesma. Colette Dowling avalia com maestria a ambivalência relativa à independência feminina e o conflito entre as necessidades de ser amada e de concretizar suas aspirações”.
O medo é um monstro atrás da porta, uma armadilha constante na vida feminina. Às vezes é o monstro que não permitirá que ela encontre o amor, ou a armadilha do homem conseguir deixá-la aprisionada, tolhendo a sua vida até o fim. Quanto é a quantidade de medo e como esse peso cai em sua vida? Somente algumas mulheres sofrem do medo com um peso muito grande...O medo está junto com aquela que está completamente insatisfeita com o casamento, pensa em separar-se e falta coragem para a decisão, também está nas mulheres que se separam e agora se sentem perdidas e amedrontadas, com a perspectiva de terem que tomar conta de si mesmas. O medo acontece naquelas mulheres que foram abandonadas por seus maridos, ou nas viúvas que ficaram perdidas quando de repente seu companheiro se foi.
Em muitas situações a mulher tem medo, algumas enfrentam e abrem a porta, percebem que o monstro era imaginário, que atrás da porta havia um caminho, sem lobo mau. Outras mulheres precisam ser salvas, esperam eternamente o príncipe encantado para socorrê-las.
Para crescer e dar um basta, é preciso saber de seu potencial e suas limitações, entender que a nossa capacidade de aprendizado é infinita e o medo só atrofia as idéias.
A escolha é sempre nossa, temos o livre arbítrio, continuar a ser a donzela medrosa e frágil, ou libertar-se e assumir o papel vital da mulher que é forte por natureza e companheira do homem. O masculino não é hostil ao feminino e sim a sua complementaridade. 
André Carvalho e Roseli Sanches Carvalho

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